Depois da indústria, chega a Indústria 4.0. O termo é aplicado em referência à quarta revolução industrial e baseia-se, como tal, no desenvolvimento tecnológico recente. Conforme relembra o Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional – CEDEFOP – o termo Indústria 4.0 “tornou-se um sinónimo para uma nova revolução industrial baseada em digitalização, automação, networking e processos de produção flexíveis”.
Segundo o CEDEFOP, essa realidade começa já a tomar contornos bem definidos. Muitas fábricas de alta tecnologia são já “(quase) vazias de ser humanos”. Uma fábrica com uma menor presença humana não significa, contudo, uma maior taxa de desemprego. As mudanças terão, de resto, “um efeito positivo no desenvolvimento económico” e significarão até uma valorização do trabalho, garante um estudo da plataforma Skills Panorama. A grande novidade, acrescentam, é que existirá “uma mudança estrutural para a área dos serviços”.
Ambos os estudos salientam uma nota, contudo: não existem certezas quanto ao caminho que a Indústria 4.0 tomará. Um dado frequentemente referido indica que, dentro de 10 anos, 60% das profissões existentes ainda não foram criadas nos nossos dias. O que levanta uma questão adicional: como se preparam os jovens para as profissões de futuro, quando essas mesmas profissões são ainda desconhecidas?
Formação Profissional 4.0
A indústria 4.0 implica “uma adaptação constante da força de trabalho aos novos processos de produção”, relembra um estudo dedicado ao impacto da quarta revolução industrial na Alemanha. Nesse sentido, “quais são as implicações para a formação e educação profissionais?”.
De forma geral, acrescentam, há um foco muito grande nas Tecnologias da Informação. De igual forma, as competências de controlo e de resolução de problemas são muito pretendidas. A questão central, explicam, passa por garantir “padrões mínimos comuns” nos currículos dos cursos, que permitam “às empresas e escolas profissionais a adaptação às necessidades do momento”.
No futuro, acrescenta a mesma fonte, haverá uma necessidade de técnicos de nível secundário. Ainda que muitas das novas profissões venham a exigir trabalhadores com formação superior (particularmente nas áreas de informática, matemática, ciência e engenharia), “o desemprego para pessoas sem formação profissional vai aumentar ainda mais”, garante o CEDEFOP.
A investigação realizada nesta área aponta para a necessidade da Formação Profissional se adaptar às necessidades. Mais do que isso, destaca que será necessária uma “estruturação diferente” na indústria do futuro. “A aprendizagem deve ser organizada em espaços diferentes, como locais de aprendizagem virtual”, destaca o relatório Germany - vocational education and training 4.0.
Hoje em dia, acrescenta o estudo, as empresas estão a cooperar mais com as instituições de ensino superior para treinar a próxima geração de trabalhadores qualificados. Contudo, a formação profissional “não deve deixar esta responsabilidade apenas para o ensino superior – pelo contrário, deve desenvolver o seu próprio conceito de Ensino Profissional 4.0”, realçam. Este conceito inclui novas parcerias entre instituições de ensino e percursos de qualificação “híbridos” em colaboração com universidades e politécnicos.
A conclusão do estudo de caso alemão deixa indicações concretas para o futuro. O Instituto Federal de Formação Profissional irá “começar a dialogar com os especialistas, de forma a formar uma proposta de como satisfazer estes requerimentos”. Os trabalhadores do futuro, acrescentam, devem obter qualificações adaptadas à Indústria 4.0, desde o início. “Porque também é importante moldar o mundo do trabalho para responder às necessidades humanas”, concluem.